domingo, 18 de abril de 2021

Xadrez, Feynman e Física

É sempre curioso ler algo escrito por Richard Feynman. Ao ler alguns trechos do Lições de Física de Feynman, não foi diferente. Ao iniciar a leitura, me perguntei se estava lendo sobre física ou filosofia. Porém, as indagações feitas pelo autor foram muito bem encaixadas em sua obra. Veja bem (olha o spoiler): ao perguntar se a areia era diferente de rochas ou se apenas era um número grande de pequenas rochas (e outras questões), ele levou o leitor a realmente se perguntar sobre e, posteriormente, começa a explicar princípios do método científico.
Em um primeiro momento, são feitas perguntas e, para encontrar respostas, a gente, da ciência, recorre a um método desenvolvido há algumas centenas de anos: o famoso método científico - constituído de observação, razão e experiência. Mas não seria o Lições de Física de Feynman se tal autor explicasse simplesmente isso, sem nenhum acréscimo. Ele, por outro lado, romantiza tudo ao fazer analogia do nosso mundo e universo com um jogo de xadrez jogado por deuses. Não sabemos as regras desse jogo, porém, se observarmos bastante, poderemos criar previsões bem como fazer verificações de tais previsões. E é assim que a ciência funciona! Porém, não ache que as regras descobertas pelos cientistas são imutáveis para sempre. Na verdade, elas mudam sim! Feynman ilustra muito bem (ainda com o xadrez) que a gente usa determinadas regras até descobrir momentos em que elas não funcionam. Então, criamos hipóteses de novas regras, fazemos experimentos e eureka! Claro, que tudo isso leva muitos anos de dedicação, pesquisa e estudos.

No avanço do texto, o autor aborda sobre a Física do século 1920, a Física Quântica e partículas atômicas, sempre fazendo com que o leitor questione-se sobre seus próprios conhecimentos, bem como sobre informações apresentadas. Além disso, sempre são apresentadas analogias para melhor entendimento de fenômenos. Tudo isso torna toda a leitura bem instigante e reflexiva. Também é curioso notar que o texto é muito bem conectado. O autor faz uma abordagem acerca da Física Clássica. Mas você lembra que eu comentei que ele ilustrou muito bem em se tratando de mudança nas regras da ciência? Aí vem outro spoiler: posteriormente, ele revela que a “inércia” e as “forças” do classicismo não funcionam no mundo quântico. E mais: você sabe que podemos calcular a velocidade e a posição de um carro, sem problemas, não sabe? Então, na Física Quântica, ou você calcula a posição ou a velocidade e não os dois, de acordo com o Princípio da Incerteza.

No fim, Feynman faz um balanço da Física: conhecemos bem o mundo clássico, mas ainda há muito a se conhecer do quântico. Ele ainda comenta com brevidade sobre o espaço-tempo relativístico. Apesar dessa diversidade de assuntos científicos abordados e da dificuldade enfrentada por alguns para entender os capítulos de Feynman (dificuldade normal e totalmente compreensível), o livro é altamente recomendado para se compreender melhor a ciência.

Esta resenha é resultado de uma atividade da disciplina Introdução à Física da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). 

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