domingo, 4 de abril de 2021

Precisamos conversar sobre sustentabilidade

Todo dia consumimos, seja comida, conteúdo ou mesmo energia. Para se manter vivo, o consumo é indispensável. No entanto, pouco nos preocupamos sobre o meio ambiente. Comemos, bebemos, vestimos, usamos, jogamos fora, mas nunca paramos para pensar que o nosso planeta é limitado. Sim, limitado. Não há uma infinidade de recursos naturais de modo que possamos consumir sem preocupação.

Primeiramente, devemos rever nossos hábitos consumistas, pois nem tudo o que é feito para ser consumido é necessário. Canudos plásticos, por exemplo, são usados por pouquíssimos minutos e representam 4% de todo o lixo plástico do mundo. Para você ter uma ideia, se fôssemos empilhar os canudos que os brasileiros consomem em um ano em um muro de 2,10 metros de altura, daríamos uma volta na Terra! Já parou para pensar sobre o impacto ambiental que isso tem? Os canudos contribuem para o consumo de petróleo, uma fonte não renovável, e não são biodegradáveis, levando centenas de anos para se decompor no meio ambiente. Mesmo se você joga o canudinho no lixo corretamente, quando ele é destinado a um aterro sanitário, qualquer vento pode fazê-lo escapar, devido a sua pouca massa, e ainda ser levado pela ação de chuvas a rios e mares, impactando a fauna aquática. Não é à toa que muitas praias são cheias deles. Infelizmente, nelas também são encontrados muitos copos, garrafas e outros lixos plásticos, fontes de formação do microplástico, o formato mais prejudicial do plástico, que acaba estando presente no sal, nos alimentos, nos organismos e até na água potável do mundo inteiro. Por isso, as redes sociais já se manifestaram com hashtags como #RefusePlasticStraws ou #PlasticPollutes para que revejamos o uso de um produto que é totalmente dispensável, com algumas exceções.

 
Canudos recolhidos na Praia do Futuro. Foto: arquivo pessoal.

Mesmo com as campanhas em mídias sociais, ainda há muito o que ser alcançado em se tratando de consumo consciente. De acordo com uma das conclusões de um trabalho de monitoramento feito pelo Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (IO-USP) em parceria com o Instituto Socioambiental dos Plásticos (Plastivida), mais de 95% do lixo nas praias brasileiras é plástico. Agora, você deve pensar: “E o que esse papo ambientalista tem a ver comigo?". Lamentavelmente, uma boa parte de todo esse plástico contribui para a formação de microplásticos, como já foi mencionado anteriormente, e, segundo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), estes têm riscos desconhecidos para a saúde, apesar de existirem estudos com ratos e camundongos que indicam impactos, por exemplo inflamação do fígado. São essas pequenas partículas de plástico que você consome no sal, em alimentos e até mesmo na própria água. Além disso, eles afetam as propriedades do solo e da biomassa vegetal. Então, reduzir o consumo de plásticos no mundo é também uma questão de saúde global.

Agora que você já está um pouco mais consciente sobre toda essa problemática dos plásticos no mundo, a gente precisa falar sobre sustentabilidade. Sim, sustentabilidade. Mas que papo é esse, afinal? Bom, ser sustentável é consumir de modo não prejudicial às gerações futuras. Quando você tem um celular bom e pode trocar por um mais novo, porém não faz isso, você está tendo uma atitude sustentável. Porém, da forma que os seres humanos lidam com o planeta ultimamente, consumindo e gerando resíduos como se os recursos naturais fossem infinitos, é insustentável até acreditar que passaremos muitos séculos por aqui. Em um estudo de 2015, foi estimado que oito toneladas de plástico entram no oceano todo ano. Fora que são gerados outros tipos de resíduos e muitos vão parar em aterros sanitários, os quais exigem espaço para serem construídos, porém a Terra é limitada espacialmente. É como quando os heróis da Marvel uniram-se para combater um vilão em comum, o maligno Thanos, em "Vingadores: Ultimato”. Porém, no mundo real, o vilão é o consumo desregulado e os heróis são os hábitos sustentáveis. Para alcançar a sustentabilidade não significa precisar se tornar um monge budista da Ásia, basta rever a forma que você consome. Vários produtos que compramos vêm com embalagens plásticas que usamos por minutos e descartamos. Qual a necessidade desse plástico no fim das contas? Exatamente, não há! Além disso, há vários produtos que costumamos usar e simplesmente jogar fora, nem cogitando reciclá-los. Seria muito trabalho separar o lixo reciclável e destiná-lo a um dos pontos de coleta de sua cidade, sabendo que, ao fazer isso, estaria deixando o planeta habitável para as gerações futuras? É claro que não é nada extraordinário.

Apesar de realmente ser necessário a destinação correta e separação do lixo, quando se fala em sustentabilidade, é necessário tratar também de educação ambiental. Não adiantaria muito apenas algumas pessoas adquirirem hábitos sustentáveis, enquanto o restante da humanidade continuasse com atitudes nada educadas com o meio ambiente. As praias brasileiras escancaram o resultado da falta de políticas educacionais que se importem com meio ambiente, já que não é difícil encontrar muito lixo nelas. Ao caminhar pela Praia do Porto das Dunas, em Aquiraz (CE), por exemplo, só o que se vê são canudos, copos descartáveis, garrafas, dentre outros resíduos espalhados pela orla.


Lixo diverso na orla da Praia do Porto das Dunas. Foto: Arquivo cedido pelo Prof. Marcelo Teles.

Assim, a problemática ambiental não é apenas uma questão individual, mas coletiva, passando por políticas educacionais que tratam sobre a importância de um meio ambiente saudável. De qualquer modo, tomar consciência, informar-se e adquirir atitudes sustentáveis, como separação correta do lixo para reciclagem e consumo não prejudicial ambientalmente, já é um começo. Aos poucos, a sociedade pode se tornar sustentável, com hábitos menos prejudiciais às gerações futuras.


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Este texto contou com a consultoria em ciências do Prof. Dr. Marcelo Teles (@prof.marcelo.teles) e foi revisado pela Laura Penha (@redacaocomlaura).
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Conscientize-se e até a próxima.

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