domingo, 21 de agosto de 2016

O efêmero

Nada contra quem não muda, mas espera... Quem não muda? Quem não é passageiro? Aquela paixão adolescente, aquele sentimento de ódio, a vida, a morte, os dias, as noites, tudo é efêmero. A noite estava fria e ninguém aquecia, porém a dor aparecia. Falta de algo? Algo efêmero também. Passavam das três da manhã, minha mente trabalhava como um motor infinito, sem se cansar de todo aquele conteúdo consumista gerado na tevê, ganância passageira e idiota, banal no mundo atual. Acho que consigo compreender muitas coisas, fora as bagunças nos meus circuitos da mente. 

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Olhava o teto e a insônia me fazia pensar e pensar... Quantas dores? Dores... Faz pouco tempo que vivo, mas já perdi uma pessoa importante. Na verdade, muitas. Refletia de um lado. E de outro. A vida é assim: Um ser cruel, uma verdade nada absoluta, uma dúvida incessável, uma mudança constante, uma Alemanha nazista. Mas nunca estive preparado para essas coisas, mudanças rápidas e que te pegam de surpresa, geralmente. Essas fotos antigas, faziam-me falta. Aquela nostalgia impiedosa. O que se não pode mais ter e o que nunca se teve. Perdi-me no meio de pensamentos, dos mais simples aos mais complexos. Como assim? Nunca compreendi: A simplicidade complexa da vida, as coisas banais, os fatos falsos, as mentiras verdadeiras. Sendo sincero, nunca compreendi ninguém, nem humanidade, nem ela mesma, a vida. Quem é essa que abala seus planos e te pega de surpresa com um abalo no coração ou uma bala nas costas? 

O frio cada vez mais incomodante. Fazia falta aqueles amigos. Aqueles momentos em que se mostra o valor de um abraço. Um abraço sem maldade, com sinceridade. Uma verdade, quem sabe, absoluta? Uma verdade confusa é esse sentimento. Sentei. Por um minuto, tudo parecia distorcido e eu perdido ali no meio de toda aquela bagunça galáctica. O enorme medo dos seres que me cercam e cercaram. Medo... Medo do efêmero, da falsidade dos fatos, do abraço forte e confortável transformando-se em algo aproveitador e ganancioso. Isso é amor? A certeza incerta, a confusão, a bagunça na cama retangular de apenas alguns metros quadrados. 

Dormir era um plano falido, os sentimentos bagunçaram num mar de ideologias, histórias, filosofias, mitologias, mundos solitários de pessoas comuns, sem sal. Deitei novamente, o travesseiro abracei, a matéria não viva me consolou, mas não me fez dormir, me fez lacrimejar com tudo isso. Todas essas loucuras normais, ideais normais,      textos normais, humanos normais, dias normais, tudo um bando de normais, perdidos com trabalho, deixando de observar as belezas inertes do mundo e procurando o mais difícil. Por quê? Já não me entendo mais, as coisas acabaram de bagunçar, a estante caiu os livros e fórmulas abertas. O que fiz? Mergulhado nas ideologias de universos paralelos e loucuras normais sobre a vida, abri-me com aqueles livros. 

Já estava perdido, derramado, morto dentro da solidão, dentro de mim. Alguns compostos químicos para acabar com toda essa agonia, crueldade comigo mesmo, perguntas difíceis (quase sem soluções), uma matemática das humanas. Não me compreendi e ainda continuo assim. O que era aquilo tudo? Li: "O consumismo só aumenta e as desigualdades também(...)". Era um livro de geografia. Voltei para meu livro de química. Tomei o composto e dormi dentro do meu próprio universo infinito e finito, incompreensível.


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