Você já chegou a ler diversas páginas de um livro e concluir: “Poxa, não estou entendendo nada.”. Foi exatamente assim que me senti ao ler algumas páginas da sexta parte do Discurso do Método, de René Descartes. Porém, após várias releituras para conseguir extrair algo, finalmente consigo comentar sobre essa breve leitura cartesiana.
É uma escrita robusta, do século XVII, e, diferentemente de muitos trabalhos científicos dos dias atuais, o Descartes sempre traz sua visão em primeira pessoa, o que prejudica em alguns momentos a compreensão do leitor. Às vezes, não se sabe bem se ele gostaria de comentar sobre uma opinião pessoal ou acerca de um fato científico. De fato, ao longo da leitura, percebe-se muitos devaneios do autor, tratando da natureza terrestre, da alma e até mesmo de Deus.
Ao longo do texto, é percebido também uma longa reflexão - inovadora para a época - em se tratando da importância da escrita das ideias, seguindo um determinado método. O autor defende que seria benéfico se houvesse uma certa rigorosidade para se escrever pesquisas, a fim de possibilitar que outros consultem os trabalhos. Atualmente, é assim que ocorre: escrevemos, publicamos e outros fazem consultas aos trabalhos. Claro que todo esse processo demora e exige muita dedicação. Além disso, Descartes ainda defende isso ao comentar que, ao falar suas opiniões para terceiros, pode ser que estes terceiros, ao falarem a opinião dele para outros, alterem-na e, em dado momento, chega a nem ser mais opinião do autor. Por isso também, há necessidade da escrita das ideias, segundo ele.
Ademais, nota-se nas ideias apresentadas no Discurso, para os íntimos, a concepção da necessidade da ajuda da comunidade, dos outros para a construção do conhecimento bem como para a obtenção do mesmo. Percebe-se muito isso nos dias atuais, visto que, para publicação de artigos científicos, sempre são necessárias outras referências para fundamentação de sua pesquisa. Então, o autor foi bastante visionário ao refletir acerca de tal ponto.
Portanto, apesar das muitas releituras, não posso dizer que entendi tudo o que Descartes gostaria de transmitir nessas suas páginas do Discurso do Método. A leitura é de muito difícil compreensão, o que é compreensível levando em consideração a data de publicação da obra. Contudo, as ideias abordadas eram tão visionárias e inovadoras que ainda hoje levamos a rigor muitas concepções cartesianas.
Esta resenha é resultado de uma atividade da disciplina Introdução à Física da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A obra trabalhada em sala é de domínio público e, se quiser acessar a parte específica que li para elaboração deste texto, clique aqui.
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Espero que tenha gostado e até a próxima :)
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