domingo, 1 de março de 2020

Dois Papas é ruim?

Atenção: (spoilers) Este texto pode conter detalhes do drama/comédia

Dois Papas, dirigido pelo brasileiro Fernando Meirelles e roteirizado por Anthony McCarten, foi uma produção lançada em dezembro de 2019 que deu no que falar. Atendo-se, principalmente, à renúncia do papa Bento XVI e à ascensão do argentino Jorge Mario Bergoglio (conhecido nos dias de hoje como papa Francisco), o drama merece atenção, tanto em se tratando do roteiro, quanto da direção. 
Antes de analisarmos os pontos positivos e negativos do filme, é importante conhecermos um pouco dos produtores que o tornaram realidade. A direção do longa ficou por conta do brasileiro Fernando Meirelles que já teve grande sucesso com Cidade de Deus (2002), rendendo-lhe até uma nomeação ao Oscar de melhor diretor. Também são obras desse produtor: Menino Maluquinho 2 - A Aventura (1998), Domésticas (2001), O Jardineiro Fiel (2005), Rio, Eu Te Amo (2014), entre muitas outras. Já no roteiro temos nada mais nada menos do que o produtor neozelandês Anthony McCarten. Ele foi o responsável por escrever The Theory of Everything (2014) e Bohemian Rhapsody (2018), e muitas outras longas/curtas-metragens. Ele teve obras indicadas ao Oscar de melhor filme: uma na edição de 2015 por The Theory of Everything e outra em 2018 pela realização de Darkest Hour (2017). 

Dado os currículos dos produtores responsáveis por Dois Papas, você já imagina o resultado, não é? E, de fato, o foco no confronto entre os personagens de Bento XVI e de Bergoglio, interpretados respectivamente por Anthony Hopkins e Jonathan Pryce, foi muito bem abordado, havendo diálogos que mostram as opiniões contrastantes dos dois que levam qualquer telespectador a refletir sobre diferentes visões do mundo católico e da própria vida. As discussões entre os dois, que têm opiniões diferentemente opostas, levam os telespectadores a profundas reflexões.

Muitos falam na internet que o filme tem pouca relação com realidade, apesar de ser baseado em fatos reais. Sim, não há evidências que Bento XVI e Bergoglio tinham essa proximidade toda, nem que tiveram tantos diálogos como na obra. No entanto, é importante destacar que o longa-metragem é uma ficção e não um documentário sobre a transição de papas na Igreja Católica. E, como uma produção ficcional, o roteiro e a direção têm uma certa liberdade artística de criação, visando tornar a obra mais envolvente para o público.

E, em se tratando de envolver o público, o personagem carismático de Jonathan Pryce faz isso muito bem. Uma das melhores cenas é a de Bergoglio assobiando Dancing Queen, enquanto está no banheiro em uma votação no Vaticano. Já em contraste de opiniões, vida e fé temos a fantástica interpretação de Anthony Hopkins, aos 80 anos, conseguindo trabalhar com um papel com características um tanto autoritárias (como foi representado Bento XVI).
Assim, não posso deixar de recomendar Dois Papas para todxs. Você não se arrependerá de apreciar esta ficção. E lembre-se: é uma ficção! Até para quem não é religioso (meu caso) o filme supre o desejo de uma boa longa-metragem no catálogo da Netflix. Trazendo muitas reflexões sobre a Igreja Católica e até mesmo sobre vida, você terá momentos de muitas análises reflexivas. Não foi à toa que esta obra foi indicada a vários prêmios, inclusive alguns Globos de Ouro em 2020.


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Se você ainda não assistiu este filme, veja o trailer clicando aqui ou abaixo:


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Até a próxima!

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