quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Lembranças

Conheci alguém especial. Passamos alguns minutos juntos e já tinha me apaixonado perdidamente. Os momentos eram saborosos. Era simplesmente demais. Eu completava as frases dele e ele me completava. Me enchia de prazer. Nunca tive momentos tão saborosos em dias tão quentes. Agora, resta-me as saudades e as lembranças, além de uma solidão nada confortável. 

Há anos que não sinto mais aquele sabor em meses de verão. Há anos que não me sinto mais confortável. Há anos que não crio mais planos com tanta felicidade. Planejei até uma viajem para o deserto de Atacama, mas não é a mesma coisa de planejar com ele. Só ele conseguia ser tão interessante. Mais interessante até que todos os livros que já li, todos os filmes que já assisti e todas as músicas que já ouvi. Ele era impressionante, tinha características únicas. Ele era o meu cremoso.


Infelizmente, tudo nesta vida tem um fim. Os filmes acabam; as músicas e os livros também. E eu não podia esquecer como toda aquela mágica e emoção tinha acabado. O tempo passou e ele ficava cada vez mais derretido por mim. Até que, em um momento, ele já não era mais o mesmo. Ele já não estava mais tão emocionante, já não tinha mais aquele saborzinho de paixão correspondida. Ele passou a ser grosso e duro, não tinha mais as mesmas qualidades de antes.

Depois de tudo isso, tive, enfim, uma decisão: acabar com tudo aquilo. Não podia mais continuar assim. As coisas tinham de mudar, assim como ele mudou. Eu já não conseguia mais aguentar tantas mudanças em tão pouco tempo. Então, finalmente, tive de comer a casquinha. Ainda lembro como era refrescante aquele sorvetinho de chocolate naquele dia de verão. Nunca encontrei um parecido.

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