Este é o episódio 02 da série de contos de ficção/fantasia científica "Guerra com o passado". Caso ainda não tenha lido o episódio 01, clique aqui e leia gratuitamente.
Se já leu, fique com o "Episódio 02: Dra. Curie" e boa leitura.😁
Ana Curie dos Palmares é o nome da doutora em física quântica que é chefe do Departamento de Operações Ultrassecretas do Cosmos para o qual Julio trabalhou. Como o nome anuncia, o departamento é responsável por operações ultrassecretas, é tudo o que se sabe. Infelizmente, quem trabalha dentro da legalidade, diante de tantos processos burocráticos e tanta corrupção, está sempre enfrentando a morte de companheiros. O Julio foi um desses. Ela é nascida em 2455 e desde de cedo seu interesse pelas ciências foi estimulado pelos pais, um biólogo e uma geógrafa.
Quando ela era pequena sempre pedia aos pais para que lessem livros sobre o Cosmos. Ela era uma menina que estava sempre se questionando. Além disso, ela era apaixonado pelo Universo e pela física. No século XXV, as mulheres ganhavam tanto quanto os homens, a física já tinha sua popularidade entre as mulheres e não havia diferenças nos tratamentos, igualdade que demorou a ser conquistado por elas. Agora, com a morte de Julio, toda a humanidade estava ameaçada pelos planos do Primeiro Comando do Cosmos, uma máfia que conseguiu ter acesso às tecnologias desenvolvidas pelo Departamento de Tecnologias Bélicas do Cosmos.
Já na adolescência, ela começou suas pesquisas em física e não parou mais. Mesmo sendo efetiva do Departamento de Operações Ultrassecretas do Cosmos, ela consegue pesquisar em física quântica. No período do romantismo das paixões adolescentes, ela conheceu Carlos, um músico de pouco sucesso. Apesar do fato que ele estudava mais música, ele sabia bastante de física e, às vezes, até impressionava Curie nesse quesito. A pele escura, os cabelos levemente cacheados e os óculos dela fizeram-no apaixonar-se por ela. Ela também apaixonou-se pela pele clara, pelas curvas delicadas do corpo e olhos castanhos dele; ele que, por sua vez, sempre estava a compor música sobre os dois. Na época, os estudantes, de uma maneira geral, faziam nove anos de curso fundamental a todos e depois escolhiam nove cadeiras que gostariam de continuar cursando por mais três anos e, em alguns casos, quatro anos. Dessa forma, eles podiam começar a se aprofundar em assuntos nos quais eles tinham interesse. Ela, claro, escolheu cadeiras relacionadas à física e já começara a escrever artigos.
Na graduação, ela escolhera física e pôde desenvolver mais suas habilidades na área. Após isso, fez pós-graduação com foco em física de partículas. No fim de seus cursos acadêmicos, conseguiu se efetivar em um departamento do governo do qual, devido a seus méritos, foi transferida para o Departamento de Operações Ultrassecretas do Cosmos. Uns dizem que quem trabalha lá é treinado para não ter expressão facial em hipótese nenhuma. Passado alguns anos trabalhando na mesma instituição governamental, Curie conseguira se tornar chefe do departamento. Ela entendia muito bem das tecnologias que eles lidavam, que muitas vezes eram desenvolvidas com base no teoria quântica com a qual ela estava sempre trabalhando. Neste momento, ela atendia uma chamada em seu relógio inteligente, uma das tecnologias que haviam se popularizado bastante:
"Doutora, doutora, você tem um tempinho para eu lhe mostrar as armas que foram desenvolvidas pelo Departamento de Tecnologias Bélicas do Cosmos desenvolveu nos últimos meses?"
"Hoje não dá, Roberto. Tenho que entregar muitos relatórios.", ela falou, aproximando o pulso da boca.
"Então, podemos marcar uma reunião para a terça da próxima semana?"
"Assim fica melhor. Podemos marcar o horário quando estivermos mais próximos?"
"Podemos sim."
"LIGAÇÃO ENCERRADA", apareceu em sua tela, fazendo com que ela voltasse a escrever seus relatórios.
Era evidente que os líderes do Primeiro Comando do Cosmos não gostavam muito de Curie nem de Carlos, que se tornara esposo dela. Por isso, eles eram sempre escoltados pela Polícia Intergaláctica. Certa vez, tentaram raptá-lo, ação que foi impedida pelos policiais. Como ela vivia no Departamento, ela era uma pessoa de difícil acesso. Aquele lugar era cheio de portas e cada uma com escaneamento de digitais e codificação por leitura de íris, as mais modernas tecnologias de segurança para fechaduras. O plano de Edison, um dos principais comandantes do Primeiro Comando do Cosmos, era monopolizar a venda de tecnologias vestíveis, um dos mercados que mais cresciam naquele século. Para isso, ele tinha que acabar com a Think Technologies, empresa que vinha conseguindo ganhar esse mercado desde o século XXI. Luna, mãe de Julio, foi uma das primeiras CEOs desse sucesso empresarial. A competição, apesar disso, era livre; não haviam restrições a outras concorrentes. Os estudiosos do Primeiro Comando do Cosmos concluíram que matando Julio acarretaria em uma depressão em Luna no futuro, o que ocasionaria a falência da Think Technologies. Os estudos mostravam que a falência dessa empresa dependia da morte de Julio.
Ocorrências como essa eram típicas no Departamento de Operações Ultrassecretas do Cosmos. Antes da Dra. Curie se tornar chefe desse departamento, ela esteve em muitas missões de campo, nos quais os agentes iam resolver os problemas criminosos correndo alto perigo. Nos últimos anos, ela, com um cargo superior, destinava seu tempo a escrever relatórios e alguns artigos. Todo o trabalho feito por ela é sempre auxiliado pelo que é desenvolvido pelo Departamento de Tecnologias Bélicas do Cosmos, que tem suas pesquisas secretas. A arma de portais foi uma das importantes tecnologias bélicas secretas desenvolvidas que caiu nas mãos de criminosos. Essa é uma das armas que possibilita viagens no tempo. Roberto estava trabalhando para inutilizar todas as armas de portais, visto que os crimes que podiam acontecer com elas eram inúmeros.
A semana passou, relatórios foram terminados e a terça-feira estava chegando. A Dra. Curie já tinha marcado com Roberto para ir a uma reunião presencial no Departamento de Tecnologias Bélicas do Cosmos pela manhã. Era noite de segunda, ela já estava em casa e o Carlos chegava tarde das apresentações musicais que ele fazia nos bares e botecos da cidade. Em um breve devaneio pensou: "Já imaginou se tudo como conhecemos deixasse de existir?", relutante, continuou: "Não tenho mais idade para pensar nessas coisas." Ela comia e logo ia dormir.
Amanhecendo o outro dia, Carlos tinha preparado o café da manhã deles:
"Bom dia, querida.", ele dizia enquanto a acordava.
"Bom dia.", ela acordava sorrindo para ele.
Mesmo depois de muito tempo juntos, eles ainda se amavam como um casal de adolescentes.
"Você está muito ocupada hoje?", ele pergunta.
"Hoje? Que horas são?"
"São sete horas e cinquenta minutos. Você gostaria de saber como ficará o clima durante o dia?", a assistente virtual da casa responde.
"Sete e cinquenta? Mas já? Eu só dormi alguns minutos! Infelizmente eu tenho que ir para um encontro com uma pessoa o mais rápido o possível, amor.", ela responde-o.
"Estava pensando se podíamos sair qualquer hora dessas. Mas só quando você não estiver muito ocupada."
"Podemos marcar em outro momento? Tenho que pegar meu café da manhã e ir comendo no caminho."
"Podemos sim."
Não passou muito tempo e ela já estava em um carro indo ao encontro de Roberto. No século XXV, a grande maioria dos carros eram autônomos e carregados com energia solar. Então, enquanto ela se deslocava para o trabalho podia assistir ao jornal televisivo, vestir o jaleco de laboratório e tomar seu café da manhã. Com o desenvolvimento de softwares cada vez melhores para o trânsito, não demorava muito para ela chegar aonde ela queria. Logo ela chegara e se encontrara com o Roberto, que era chefe do Departamento de Tecnologias Bélicas do Cosmos. Mensalmente ela tinha que fazer um relatório sobre esse departamento para que continuassem concedendo verbas para os projetos de desenvolvimento tecnológico para fins bélicos nos quais eles trabalhavam.
"Olá, doutora Curie. Você vai bem?"
"Oi, Roberto. Com tantos problemas no Departamento, é difícil ir bem."
"Entendo. Aqui estamos trabalhando em tecnologias secretas que certamente diminuirão a sua dor de cabeça.", ele disse acompanhando-a.
"O que você tem para me mostrar hoje?"
"Estamos trabalhando na Boom Band...", ele falava enquanto mostrava para ela uma pulseira supostamente smart, "...e olhe. Parece uma smartband qualquer, mas ela, na verdade,é uma bomba capaz de derrubar um avião. Você também é pesquisadora e entende que essas tecnologias precisam de muitos testes antes de uma missão de campo."
"Entendo sim.", ela afirmou. "Mas isso é de longe o apetrecho mais empolgante que estamos desenvolvendo...", ele continuava com voz fervorosa, "...Veja. Estamos trabalhando também no NoConección, um equipamento que parece um relógio qualquer, mas é um bloqueador de conexões wifi, móveis, bluetooth e todas as outras que você pode imaginar! Não é demais?"
"Isso ainda não resolve os grandes problemas. O Primeiro Comando do Cosmos, por exemplo, já tem acesso às arma de portais e o que podemos fazer?"
"Era exatamente sobre isso que eu estava prestes a falar. Estamos criando um bloqueador para a arma de portais. Sabemos que ela foi desenvolvida a partir de princípios relativísticos, após nossos cientistas conseguirem estabilizar um buraco de minhoca em um pequeno espaço para que um humano conseguisse ir de um ponto do espaço-tempo a outro. Estamos testando um bloqueador para elas que nada mais é do que um desestabilizador de buracos de minhocas. Isso tornar-la-ia obsoletas!"
"Agora você está falando a minha língua! Mas queria saber se vocês já têm um prazo para finalizar os testes?"
"BIIIIIM - BIIIIIIIM - BIIIIIIIM - BIIIIIIM", começou a soar um alarme, ao mesmo momento, que Dra. Curie recebia uma ligação.
"Tenho que atender uma ligação", ela disse a Roberto e foi discretamente aceitar a ligação, enquanto ele se informava sobre o que se tratava o alarme.
"Dra. Curie falando, em que posso ajudar?" "Doutora, venha imediatamente ao Departamento. Aqui é o supervisor João Pedro. O nosso século logo mais deixará de ser como conhecemos.", falou um supervisor de missões muito assustado.
Então, ela ligou para Roberto informando que tinha que estar com urgência no Departamento o qual ela era chefe. E, com as modernas tecnologias de tráfego, conseguiu chegar rápido.
"Dra. Curie, é um prazer conhecê-la. Só não queria que fosse em um momento tão inoportuno. Eu sou o João Pedro, quem falou com você na ligação.", ele começou a explicar a situação, um pouco assustado: "Pelo que parece, o Primeiro Comando do Cosmos está conseguindo o que queria."
"Mas como? Eu tenho que voltar às missões de campo para resolver, é isso mesmo?"
"Infelizmente, em 2018, a missão que salvaria Julio falhou e só agora tivemos problemas mais sérios."
"Você tem uma arma de portais aqui?"
"Tenho sim, mas tome cuidado. O pessoal do Primeiro Comando do Cosmos é muito perigoso."
"Não sou chefe deste departamento à toa. Conheço muito bem eles. Só vou coletar informações sobre o fim de Julio."
Ela, então, abre um portal para 2018 e, ainda com um jaleco da reunião anterior, vai para o século XXI. Chegando lá, ela questiona João Pedro:
"O que foi isso tudo?", sem resposta dele, ela continua: "Olá? Tem alguém aí?"
Sabendo que algo bem pior podia acontecer enquanto ela coletava dados ali, tirou uma fotografia e voltou para o presente dela. No entanto, ela não esperava que chegando ao século XXV, tudo estaria mudado.
"João Pedro, por que você não me respondeu?", ela disse assim que viu o supervisor no Departamento.
"João Pedro? Eu? Mas o meu nome é Daniel. Você deve estar me confundindo."
"Aqui não é o Departamento?"
"Departamento? Aqui é uma confecção de peças de roupa."
Dra. Curie já não entendia mais nada. Ela sequer teria nascido naquela nova realidade? E Carlos? O que será que acontecera com ele? As perguntas não findavam na cabeça dela. Naquela situação, ela tinha que aprender uma nova forma de trabalhar e recuperar o seu Departamento, a sua vida, os seus colegas e todo o resto.
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