domingo, 12 de janeiro de 2020

O homem já nasce mal por natureza?

Uma discussão que perpetua até hoje é sobre a natureza humana: ela é boa ou má? Nós já nascemos com alguma predisposição à maldade ou à bondade? As discussões sobre isso são intensas e, às vezes, não chegam a lugar algum. Para formarmos uma opinião sobre isso, primeiramente devemos entender o que é contrato social.





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Bom, contrato social é o conjunto de teorias que procuram explicar os caminhos que levam um conjunto de pessoas a formarem Estados e/ou manterem determinada ordem social. Entre os séculos XVI e XVIII, surgem três grandes vertentes em se tratando disso: a absolutista, a liberalista e a democrática.

Thomas Hobbes, em Leviatã, defende a ideia de que o homem nasce egoísta, em constante busca de suas necessidades, e que o mundo não pode satisfazer totalmente suas necessidades. Os indivíduos de uma sociedade, então, têm que ser submetidos a um governo absoluto para que possa haver alguma organização. Por outro lado, John Locke, em Tratado Sobre o Governo Civil, pensa diferente. Para ele, o ser humano nasce como uma folha em branco, podendo viver, assim, em paz e consonância, dada a liberdade do comércio - a ideia do liberalismo é fundamentada filosoficamente aqui. Diferentemente dos anteriores, o suíço Jean-Jacques Rousseau, na obra Do Contrato Social, argumenta que o homem nasce bom e livre e é a sociedade a responsável por corrompê-lo. Além disso, ele também diz que cada indivíduo tem sua determinada responsabilidade pelo todo, defendendo os direitos civis democráticos. Afinal: o homem nasce bom ou mal?

Pesquisas recentes mostram que um alelo a menos na formação dos genes de um adolescente, por exemplo, aumenta o risco de o adolescente ser preso por um crime violento em 9,8 vezes, mas apenas quando houve mal tratos na infância. Hobbes não está tão errado, no entanto o fato de o adolescente ter que ser maltratado para se verificar esse aumento nos mostra a influência de uma sociedade em uma 'folha em branco', como defenderia Locke. Rousseau contestaria dizendo que, no momento do nascimento, essa pessoa era boa e livre e se teve as chances aumentadas de se tornar violento devido à sociedade. A genética, apesar de influenciar bastante as características do indivíduo, não é capaz de identificar e explicar totalmente traços como bondade ou maldade no nascimento de alguém.

O filósofo Renato Janine Ribeiro, da Universidade de São Paulo (USP), acredita que a diferença de valores e costumes encontrados em diferentes sociedades desmentiria uma natureza única e imutável. O infanticídio, por exemplo, um crime bárbaro às vistas da sociedade ocidental moderna, é muito comum em pelo menos 13 etnias indígenas brasileiras, sendo o responsável por levar Roraima a aparecer entre um dos mais violentos do Brasil. Isto é, para um estadunidense qualquer, uma mulher pertencente a uma determinada tribo que mata uma criança (devido ela ter nascido com alguma deficiência ou por outro motivo) é má, no entanto, para seus companheiros tribais, a bondade dela independe disso. Aí temos um ponto que nem a genética pode prever completamente: a relativização do bom e do mal.

Portanto, às vezes, a filosofia ocupa-se em discutir se homem tem uma natureza boa ou má, já em outros momentos a biologia fica responsável por isso. E ainda há momentos em que a sociologia e antropologia tentam explicar o comportamento natural da humanidade. No entanto, depois de muitas leituras, percebe-se que não há uma conclusão exata, mas sim várias ideias que são expostas e defendidas de maneira formal. Algumas se sobrepõe as outras e se destacam, como as teorias que envolvem o contrato social. No entanto, nenhuma delas está perto de, definitivamente, afirmar se somos bons ou maus por natureza.

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Meus profundos agradecimentos a Bia (@oposto_luz no Instagram) e ao Gabriel (@gabriel_1945 na mesma rede social) que discutiram o assunto comigo, o que acabou resultando nesse texto😊
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Até a próxima! 


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