domingo, 15 de dezembro de 2019

Dia após dia

"Sentia-me cansada e sem grandes expectativas. Os dias passavam-se numa lentidão de tartarugas. Estava entediada com tudo e todos, até..." - Carol para de falar, como se tentasse esconder algo.
"Até o que, Carol?", questiona a psicóloga, querendo entender sua paciente melhor.
"Não posso dizer."


"Claro que pode. Aqui é um espaço aberto e seguro."
"Está certo. Conheci um garoto um pouco loiro, muito bonito e que tem uma seduzente barba. Sei que isso não é muito certo, mas vou para a escola só por causa dele. Estar perto dele é muito bom."
"O importante seria você ir para escola com foco em aprender e não em garotos, mas na sua idade é completamente compreensível isso."
"Eu não queria isso."
"Isso o que?", a doutora não entende.
"Que me julgasse devido a minha idade."
O silêncio prevalece por um momento e Carol continua:
"Sei que sou nova e que muitos dirão 'isso é fase'. Mas com ele é diferente. Ele é tão doce e sensível, diferente de todos os outros. Quero estar cada vez mais perto dele. Mas não sei o que ele sente em relação a mim. A gente só ficou..."
"Ficaram ou é um dos seus delírios?"
"A gente só ficou? Se bem que acho que ele está mais interessado por outras, ele fica com várias."
"E ele é sensível?"
"Nem tanto assim."
"Seja sincera consigo mesma."
"Na verdade, ele é como todos os outros: um idiota."
O silêncio predomina novamente. A psicóloga sai da sala e entra Joaquin Phoenix, o Coringa de 2019, falando:
"Essa sociedade está perdida!", ri um pouco descontroladamente e continua: "O que você acha?"
"Cadê ela?", pergunta Carol, assustada.
"Ela?", responde rindo ironicamente. "Ela partiu dessa para melhor."
Ele se aproxima de Carol. Ela está com cada vez mais medo dele e, apesar de ele não está caracterizado como Coringa, ainda é bastante assustador para ela aquelas características e lembranças depressivas e psicopatas que ele traz consigo. Dando um tapa na cara dela, ele diz "Beije-me" e ri com toda a psicopatia que se pode imaginar.
"Pim! Pim! Pim! Pim!"
O alarme toca. São seis da manhã.
"Mãe?", Carol chama assustada.
"Oi, filha. Vá se arrumar para ir à escola."
"Ufa. Era só um sonho. Ele nem fica com tantas meninas assim... Sim, ele é sensível e tem uma empatia que não é comum a todo menino.", ela pensa consigo mesma.
Ela ia feliz escovar os dentes, tomar banho, passar o melhor dos perfumes, vestir a melhor das roupas... Afinal, chegando no colegial mais tarde, ia ver aquele rapaz loiro e bonito de quem tanto gosta.  

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